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Divórcio

Amigos leitores,

Escrever é um ato individual, solitário, único, íntimo. Reconhecer-se no outro é ter para sempre um pedaço de si em algum lugar, algum coração e alguma mente. E Deus me deu um presente: ser escolhida para ser mentora de alguém com um talento lindo, que eu conheço bem, com o qual convivo.

E assim, Tatiane Menezes, uma mulher de olhar firme, voz segura e coração mole, me cativou. Apresentou-me a alguns textos seus, tão seus, daqueles que não mostramos para ninguém. A mim ela confiou e eu a encorajei. Por que não se apresentar às pessoas, por que não ser quem nasceu para ser?

E assim, tenho a imensa alegria de apresentar a vocês, amigos e leitores, um texto totalmente autoral da talentosa Tatiane Menezes:

Por anos fiquei divorciada. Uns 18 eu acho… Talvez mais.

E qual a novidade nisso?. Existem milhares de mulheres que ficaram divorciadas, separadas, por anos. Uma vida inteira e muitas delas nem sabem.

Hoje me casei! Foi incrível! Eu poderia dizer que planejei e que tudo foi como esperava, mas seria uma grande mentira. Na verdade, aconteceu porque eu fui seguindo a minha essência recém descoberta. E só agora pouco, depois de um dia de trabalho comum, de chegar em casa, tomar banho e de dizer “não” ao convite de uma amiga pra tomar vinho, é que percebi que eu me casei comigo mesma.

Estou em um relacionamento sério com a minha vontade simples, com o meu querer em usar pijama trocado, com meu poder destemido para dizer “não” a qualquer pessoa, a qualquer situação. Estou profundamente comprometida com a mulher que esteve trancada no quarto escuro por anos a fio e que resolveu tirar a chave da gaveta e abrir a porta de seu cativeiro.

Esta mulher ficou solteira por tanto tempo que não sabia escolher uma roupa, passar um batom e sair consigo mesma. Sinceramente, pensando bem, ela nunca se olhou no espelho e gostou do que viu. Ficava no quarto calada e escondida porque se achava insuficiente, pequena demais para abrir a porta e deixar a vida entrar e eliminar as paredes.

Confesso que alguns dos meus valores sempre pulsaram e eram frequentemente reprimidos e você certamente sabe do que estou falando. Sabe que às vezes precisamos agir de certo modo para caber em certos padrões. E é exatamente aí que o perigo mora!

Passei anos da minha única vida tentado negar minha natureza, tentado caber no molde perfeito para outra mulher. Diversos momentos foram felizes e tive contentamento temporário, mas a angústia ainda permanecia. Essa solteirice, ou divórcio de nós mesmas, traz desconforto, dor, marcas, ansiedade, vazio e uma caralhada de sentimentos que rejeitamos, guardamos, negamos porque simplesmente não queremos enfrentar a incompreensão alheia.

Na maioria dos casos, quase que inevitavelmente, o início de uma relação com o nosso propósito, nosso eu, nasce logo após um rompimento, um trauma, que consequentemente nos tornam mais loucas, ou fortes. Foi assim com você e comigo também.

Por isso precisei te contar isso e compartilhar que tem sido maravilhoso dormir e acordar sem sentir o peso do mundo. Volto pra casa na sexta à noite e sinto prazer em minha companhia, no acolhimento intrínseco do cheiro do meu lar e olho no espelho e vejo aquela mulher livre e que se gosta um pouco mais todos os dias e se orgulha de cada conquista, de cada “não” que ela dá!

Mais cedo ou mais tarde vou encontrar outro alguém além de mim e vou me apaixonar e amar porque sou dessas. Mas, que fique claro, que eu sempre estarei em primeiro lugar. Se não for pra ser um triângulo amoroso, eu nem começo!

Por Tatiane Menezes
Tatiane é secretária executiva, atua como assistente executiva há mais de dez anos e é membra do Comitê de Secretariado Executivo do Distrito Federal

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Marcela Brito sou eu: muitas mulheres, muitas facetas, uma só identidade. Alguém com missão, paixão e coragem.

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