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Sou o que vejo em você

Amigos leitores,

Nos últimos dias tenho refletido sobre o que tem acontecido com nossa espécie, a humana? Conhecemos pessoas e a desconhecemos logo em seguida, contratamos os profissionais dos sonhos e os demitimos porque… não lembram nem de longe aqueles que contratamos. As pessoas se casam e, para alguns, meses depois tudo se acaba e um novo ciclo começa. Mas o trauma fica, de compreender o que houve, onde erraram, o que fizeram a mais ou a menos, enfim,

quem somos, afinal?

Seríamos todos membros de um baile de máscaras tentando impressionar uns aos outros neste imenso ensaio chamado vida? Os relacionamentos mais puros ainda são os infantis, com toda a sua espontaneidade, verdade e liberdade e que tanto condenamos, tolimos e tentamos ajustar ao molde louco e desconectado de nossa mente adulta perdida.

Uma amiga, dia desses, me disse: está difícil se relacionar porque não se sabe quem a pessoa verdadeiramente é. E dóis se revelar, a máscara alivia, amortece, anestesia. As máscaras são os novos escudos, Não queremos nos expor, talvez por traumas antigos, medo, insegurança, excesso de segurança ou total desconfiança nesta sociedade onde tudo pode ser usado contra você.

E neste eterno atuar de papeis, no fim nem nós somos capazes de nos reconhecer, em nossa intimidade, em nossas preferências e ações. Uma das analogias mais ilustrativas para exemplificar o pano de fundo para este texto é o filme “Noiva em Fuga”, estrelado pelo casal fofo de todos os tempos Richard Gere e Julia Roberts, um dos meus romances favoritos. No filme, Maggie (a protagonista) vira tema de uma matéria de um jornalista nova iorquino por ser a noiva que, ao chegar ao altar, sempre abandona os noivos e foge.

Após profundo interesse em descobrir o porquê das fugas, o jornalista é pego de surpreso ao ser o último noivo a ser abandonado por Maggie. Passado um tempo, ela entende que não poderia se casar com ninguém porque sempre tomava para si os gostos de seus noivos, a fim de que seu relacionamento fosse “perfeito”. Mas o ponto alto de questionamento do filme é exatamente destacar a importância das diferenças em um relacionamento e do quão é imprescindível que conheçamos as diferenças, para que sejamos capazes de abraçarmos as imperfeições.

E de repente é aí que estamos errando, pois fechamos tanto nossa vulnerabilidade que fica difícil, em primeiro lugar, para nós, o reconhecimento das próprias fragilidades. Perdemos o prazer das emoções e passamos a temer saber quem o outro é. O outro é uma projeção nossa, da nossa imagem, do nosso medo e, na maior parte do tempo, vemos o outro e o mundo pela nossa lente apenas, ou seja, projetamos no outro a nossa imagem, com sua luz e com sua sombra.

Enquanto não somos capazes de nos revelar ao outro como verdadeiramente somos, continuaremos a enxergar no outro nosso lado mais obscuro, mais oculto e somos impedidos de ver a luz que o outro tenta refletir. Tirar a máscara certamente pode ser a coisa mais dolorosa que teremos de fazer, mas é uma atitude inevitável. Podemos até adiar, mas jamais viveremos plenamente se não o fizermos.

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Marcela Brito sou eu: muitas mulheres, muitas facetas, uma só identidade. Alguém com missão, paixão e coragem.

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