A importância de viver a independência
Amigos leitores,
Sobre assumir uma vida adulta e aprender lições sozinho que talvez ninguém conseguisse nos ensinar. É sobre isto que o texto de hoje vai tratar. Eu tenho lido algumas matérias e resultados de pesquisa sobre a adolescência tardia de nossa geração Z, ou seja, os jovens nascidos na década de 90 até 2010. Hoje vemos muitos jovens adiando
efetivamente o início da vida adulta porque está muito cômodo morar com os pais até quando… até quando der, afinal de contas, os pais da Geração X também não fazem muita questão que os filhos saiam e vivam essa rotina que eles precisaram viver, exatamente porque, em tese, os filhos da geração Z, em muitos casos, não precisam (no sentido de necessidade).
A Geração Z vive seu momento de liberdade, viaja, estuda no exterior, come nos melhores restaurantes, tem carro (muitas vezes sem nem ter utilizado transporte público) e quer trabalhar naquilo que ama, naquilo que sonha, sem ver importância em passar por algumas experiências que, embora duras, ajudam a forjar bastante o caráter. Eu mesma fui muito poupada de muitas situações até os dezesseis anos, enquanto morei com meus pais, no conforto do lar onde você tem todas as regalias possíveis e inimagináveis. Eu sempre fui exemplar em tudo, escola, atividades extracurriculares, relacionamento com as pessoas, sempre fui uma filha muito querida, admirada e respeitada pelos meus pais e irmãos.
Mas certamente eu tinha o perfil de muitos jovens de hoje. Mas, afinal de contas, o que fez diferença para que eu pudesse ser uma pessoa diferente, ter mais senso de realidade e viver e ver o mundo sob outras perspectivas? Sem dúvida, foi sair da casa dos pais. Mas quem me conhece vai dizer: ah, saiu da casa dos pais e foi morar com os avós. Acreditem, foi uma brutal diferença e nunca é a mesma coisa, especialmente quando se trata de avós que, embora tivessem tomado a iniciativa de me auxiliar e me oferecer uma linda oportunidade de vida, não eram meus pais e, portanto, certamente não iam reagir da mesma maneira. Ao morar por quase oito anos com meus avós maternos, que moraram sempre longe de mim, aprendi que pai e mãe só temos um na vida e que por mais que as pessoas nos ajudem, jamais vão se relacionar e nos tratar como eles (graças a Deus!).
Aprendi também que viver sob tutela de alguém quando se tem interesse em alçar voos mais altos não é nada bom. À época, eu já me posicionava com relação a algumas coisas e não era bem vista por tios e outras pessoas da família. Foi quando decidi estudar e me livrar daquela situação o mais rápido possível. Eu queria muito viver minha vida sem depender da guarda e responsabilidade de outra pessoa que não fosse eu mesma. Morar com outras pessoas na casa delas lembra você, a cada entrada e saída, de que aquele lar não é o seu e de que é necessária uma tomada de atitude para que a vida seja diferente. Esta atitude eu sempre busquei nos livros e nos estudos. Até o ano de 2010 o caminho mais curto para conquista da tal independência sem dúvida era o concurso público. Nunca foi meu sonho (não tenho, inclusive, perfil), contudo a necessidade e o desejo de ter uma vida para chamar de minha me levou a conquistar os primeiros empregos e o melhor deles por essa via.
Foi quando eu conquistei, por mim mesma, a carta de alforria, e a liberdade de mudar de vida e, enfim, não ter que passar por várias situações desagradáveis na casa de outras pessoas. Foi uma mudança geográfica, emocional e intelectual. Foram dois anos exatos morando sozinha na capital fluminense. No Rio de Janeiro, eu cheguei sabendo que ou eu me organizava para me ajustar a uma vida onde tudo seria minha total responsabilidade ou eu ia dançar. Ou eu viveria uma vida regrada, sem excessos, ou teria que voltar a viver sob a guarda de alguém. Eu estava noiva, mas esses dois anos também me ajudaram a amadurecer um bocado até iniciar uma vida de casada, de fato e de direito.
Ao morar sozinho, você aprender algumas coisas na prática que horas de cursos e treinamentos talvez não dessem conta e solução. Por exemplo: você aprende a mensurar suas despesas com tudo, supermercado, água, energia elétrica, gás, telefone, lazer etc. Você é obrigado a se planejar para que as coisas funcionem, para que seu salário cubra as despesas e para que você tenha uma reserva para lazer e emergências. Você aprende a solucionar pepinos que acontecem (vão acontecer) com a casa sem pedir socorro ao papai ou à mamãe. No meu caso, optei por não ter carro no período em que morei na cidade maravilhosa, para evitar uma despesa que, para mim não era necessária, e para que eu pudesse superar os medos de andar de transporte público. Coisas de menina do interior…
No final das contas, você aprende a cuidar das suas coisas, lavar, passar, cozinhar (meu maior desafio ever!), dormir cedo, ter responsabilidades, fazer amizades (porque fica longe de gente da família) e aprende a ficar feliz e curtir sua individualidade, que é outro problema da contemporaneidade. É como se devêssemos sempre estar acompanhados de alguém. A verdade é que morar sozinho quando se é jovem, é um barato, porque você pode gerir seu tempo da melhor maneira e aprende a ficar feliz e a gerir também suas emoções. Eu me sinto grata e privilegiada por ter vivido esses períodos da minha vida, apanhando da vida algumas vezes e outras me superando e me sentindo confiante a cada conquista sem ter necessitado de um recurso psicoterapêutico ao qual, infelizmente, muitas pessoas precisam recorrer. Passei por tudo muito lúcida, muito alerta e cá estou, compartilhando estas experiências com vocês.
Espero que este texto seja inspirador e encorajador, especialmente a você, jovem Z, que tem tanta inteligência e condições de fazer muito mais do que a minha geração fez e está fazendo. Use os recursos disponíveis para se arriscar, para se conhecer, testar seus limites e se superar. Não há nada tão nosso quanto os nossos voos, realizados essencialmente pelo suor do nosso esforço e da nossa vontade de querer vencer e se sentir seguro e autoconfiante. Coragem!
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Marcela Brito sou eu: muitas mulheres, muitas facetas, uma só identidade. Alguém com missão, paixão e coragem.
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Ótimo texto Marcela. Atualmente encontro-me do outro lado, sou mãe de um bebê de 2 anos, esse ano iniciou uma nova rotina na vida delE e na minha, ele foi para a escolinha. Sei que é muito novo, mas já começo a ter essa preocupação sobre independência,no caso independência dele,rss. Lógico que como mãe o deixaria debaixo das minhas “asas” até quando quisesse, são vários medos e receios, ainda mais com esse mundo louco em que estamos vivendo. Pode parecer besteira, mas nessa nova rotina dele fui obrigada a colocá-lo na Van para ir para escola, pois seria mais fácil para ambos. Surgiu alguns questionamentos, será que ele vai dar conta? Será que ele vai ficar triste?, porém me contive e pensando nesse assunto há alguns dias coloquei em minha cabeça, que se tudo que ele for fazer eu tiver medo meu filho nunca vai crescer como uma pessoa sociável e uma pessoa que saiba se virar. Enfim, espero que dê tudo certo e que em meio aos meus temores maternos eu possa ter a certeza que estou fazendo o melhor por ele.
Beijo!
Mais um texto inspirador.
Marcela, obrigada por compartilhar conosco as suas impressões.
O que você postou hoje, faz todo o sentido para mim.
Um forte abraço.