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Iniciativa privada: o ponto de desequilíbrio

Amigos leitores,

Hoje sigo escrevendo sobre minha trajetória profissional, depois do tempo que trabalhei na Emater. Minha carreira traz nuances interessantes e eu avalio como passos que dou para fugir dos clichês da nossa cultura brasileira. Em agosto de 2009, este blog tinha dois meses de vida e eu escrevia fervorosamente meus textos sobre mercado de trabalho, dicas práticas para profissionais da área e temas afins. Um belo dia, após chegar do trabalho, abro meu e-mail e uma das referências que tive na faculdade tinha me enviado uma mensagem sobre um processo seletivo para o Banco Real. Opa! Foi um ponto de cor numa trajetória que, a cada dia, estava ficando mais pesada e escura.

Os dias de trabalho na Emater, após eu ter me formado na universidade, 2008/2009, me angustiavam, porque eu sentia, no fundo do meu coração que, definitivamente, aquela não era a empresa onde eu queria trabalhar, tampouco a que eu sonhava ficar até o fim de minha carreira, especialmente pela pessoa que era responsável por liderar minhas atividades e meu trabalho. Deus prepara o terreno para tudo acontecer de modo maravilhoso e, neste instante, quando eu recebi o e-mail da Monalisa, meu coração pulou e o que eu mais queria (e isso também fazia parte de meus planos de carreira), era ter uma experiência em uma empresa que fosse referência, com modelo de gestão baseado em boas práticas de mercado e, enfim, ter um gestor desses que a gente acredita que um dia vai poder conduzir o nosso trabalho e nos ajudar no desenvolvimento profissional.

Nessa época, minha chefe da Emater estava de licença e eu tive paz para poder me preparar para a entrevista de emprego. Desde o dia em que pisei no ambiente do banco, senti que aquele sim seria o local onde eu poderia desenvolver o meu melhor, aprender sobre o mundo financeiro e ser, efetivamente, a secretária executiva que eu havia me preparado para ser desde a faculdade. Monalisa, muito querida, e com quem, ironicamente, tive muito pouco contato durante a faculdade, foi muito atenciosa e, de cara, se mostrou um exemplo de profissional completa em quem eu já poderia me espelhar. Ela participou da entrevista e ali eu descobria que Deus nos envia às pessoas certas no momento certo. Estava nervosa, mas muito sedenta por responder as perguntas e demonstrei muito, mas muito desejo em aprender e ser parte daquela equipe.

Duas semanas depois, o próprio gestor me ligou e disse algo que eu também nunca mais vou esquecer. Ele disse que, apesar de ter entrevistado vários profissionais com currículo tecnicamente adequado, foi a sintonia e empatia que tivemos que fez ele me selecionar. E isso, pessoal, faz diferença em qualquer lugar! Então, recebi todo o apoio e carinho da substituta da minha chefe, que me deu a carta de recomendação que, provavelmente eu teria dificuldade em receber se fosse da titular… E foi a pessoa querida que eternizou a frase que virou um lema na minha carreira (a dor do crescimento). E, assim, parti do serviço público, sem medo, sem aflição e cheia de vontade de ser quem eu poderia ser. Abandonei o serviço público pela primeira vez (sim, haverá uma segunda, estejam certos disso!) e foi a melhor decisão de carreira que tomei na vida. Estou lendo o livro The Tipping Point (O Ponto de Desequilíbrio, na tradução), do jornalista estadunidense Malcolm Gladwell, e o que posso dizer é que o Banco Santander e o Sr. Ângelo Ávila, por intermédio da minha querida amiga Márcia Monalisa, foram o meu grande tipping point.

E seguindo com as analogias, é o mesmo sentido de quando ouvimos um locutor esportivo dizer que um jogador “desequilibrou” a partida. É quando um fato, ou pessoa, tem o poder de mudar o rumo de alguma coisa, de tornar real um sonho ou de alcançar um resultado que ninguém esperava. Foi meu segundo emprego formal e o início de uma carreira de seriedade, onde tive não só um gestor, mas um amigo e mentor que me ensinou muito sobre o mundo financeiro, sobre liderar pessoas, sobre fazer negócios e sobre os reais valores da vida.

O banco foi o ambiente corporativo mais profissional, sério e familiar que já trabalhei na vida. Nunca vi ninguém falar mal de ninguém, vi colegas ajudando outros a baterem metas e passar oito maravilhosos meses no Santander, no exato período da integração, quando todos estavam passando por uma mudança brusca de cultura organizacional, saindo de ares holandeses para a intensidade de atuação no mercado do grupo espanhol, e ainda assim todos se amavam e se respeitavam profundamente. Depois de um tempo, eu entendi que existem pessoas que tem um poder quase sobrenatural de fazer isso com outras pessoas. E ele foi meu chefe direto. O Santander e o Ângelo foram a resposta de Deus a um processo de cura emocional após a experiência que tive no emprego anterior. Tive um grande gestor, ganhei um amigo e tive um mentor. Que bom que temos líderes assim no mundo e, graças a Deus, não são poucos, mas precisam ser mais valorizados e, fantasticamente, essas pessoas também possuem a capacidade de formar sucessores.

E, assim, foi quando eu aprendi que eu era, de fato, uma secretária executiva!

Marcela Brito sou eu: secretária executiva trilíngue, esposa, mãe, consultora de carreira, empreendedora, escritora, blogueira, professora, eterna aprendiz e uma mente que não para de pensar em construir um bom legado para nós e os que vierem depois de nós.

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Comentários (2)

  1. Boa tarde, adorei sua historia de vida profissional, gostaria de saber como você se tornou uma secretaria executiva trilíngue? como você aprendeu três idiomas diferentes?

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Marcela Brito - 2009-2021