Basta à violência contra a mulher
Amigos leitores,
Desde 2009, tenho escrito artigos e postagens sobre diversos temas, especialmente aqueles voltados ao mercado de trabalho e ao ambiente corporativo. Sempre fui grata pelo acesso que tive à educação e à formação em várias áreas e, sem dúvida, pelo fato de ter estudado em duas instituições públicas de ensino superior, que foram bastante responsáveis pelo meu amadurecimento em assuntos polêmicos, inclusive a participação da mulher em sociedade e política.
Na minha família temos múltiplas formações: área social e humanas, área exatas e área da saúde, mas todos sempre tivemos um olhar bastante profundo sobre os acontecimentos do mundo. Eu, na área de sociais aplicadas, mas tendo passado dois anos na faculdade de Comunicação Social, passei a me preocupar com os absurdos relacionados a violência de todo tipo contra qualquer pessoa. E, para completar, tenho uma prima, assistente social, também por vocação e apaixonada pelo que faz, que tem trabalhado, ainda que não diretamente nessa vertente do serviço social, de forma voluntária e idealista nesse escopo.
Ana Carolina Costa tem 32 anos, jovem, se casará no próximo sábado =)) e é uma profissional competente, reconhecida regionalmente e, sem dúvida, uma referência em sua profissão. Com a ajuda das outras primas, tive acesso à gravação de sua entrevista sobre o polêmico tema e, sob sua autorização, postei no soundcloud (https://soundcloud.com/marcela-silva-da-concei-o-brito/entrevista-ana-carolina-costa-radio-resende-parte-1).
Sua entrevista possui duas faixas de áudio e revela detalhes importantes sobre o perfil das mulheres que sofrem violência (sem sempre doméstica) e o perfil também do tipo de agressor. Infelizmente ela afirma, ainda, que há casos, obviamente, em que outras mulheres podem agredir, talvez em relacionamentos homoafetivos, mas aqui chamo a atenção para outros tipos de violência que sofremos quase diariamente e que passam despercebidos pela omissão de nós, a maioria quando agredida.
Este semestre, em sala de aula, tive demonstrações de que a violência pode ser psicológica, emocional e moral. E é tão ou mais prejudicial quanto a física ou verbal. Mulheres muitas vezes são desrespeitada por seus pares, seja no ambiente de trabalho, por pessoas que deveriam respeitar sua posição de autoridade e hierarquia ou por outras mulheres que ocupam posição de hierarquia.
É totalmente inadmissível uma mulher sofrer atos de violência provocados por outra mulher, que deveria ser a primeira a não lhe julgar, a entender seus dilemas, suas fraquezas e não lhe condenar por erros que todos somos passíveis de cometer. Este semestre letivo termina esta semana com a certeza de que Maquiavel, indubitavelmente, estava certo e que a natureza humana é assustadora quando me prova que só me respeitará se me temer. Nunca concordei com isso, mas de certo modo adaptarei à minha postura como docente.
Na última semana, eu entendi o que alguém é capaz de fazer ao clima de uma turma, à motivação pessoal de alguns colegas e a si mesmo quando esquece de sua missão mais importante. No próximo semestre tentarei deixar bem clara a missão acadêmica para meus próximos alunos e mostrar que entre o certo e o errado existe um limite que nenhum dos lados deve ultrapassar: o do respeito. Se isso for seguido, será excelente. Mas ainda assim será desafiador porque tenho testemunhado comportamentos que jamais presenciei quando era aluna. E eu me formei há menos de dez anos…
Não sei que tipo de pessoas estamos formando, mas acho que estamos passando uma mensagem equivocada sobre respeito, autoridade e diálogo. As faculdades se tornaram verdadeiras empresas. Eu pago e, por conseguinte, posso gritar o quanto eu quiser com um docente, ou um colega, ou um cliente, ou minha gestora, porque o cliente paga e o cliente sempre tem razão… Até quando?
De tudo, a única certeza que tenho é que as pessoas que adotam esse tipo de atitude em sala de aula jamais terão a oportunidade de fazer isso com o CEO de uma companhia como a Unilever, por exemplo. Temos liberdade para fazer o que queremos, mas temos que ser conscientes quanto às consequências de nossos atos.
Desejo a todos uma excelente semana!
Marcela Brito sou eu: secretária executiva trilíngue, esposa, mãe, consultora de carreira, empreendedora, escritora, blogueira, professora, eterna aprendiz e uma mente que não para de pensar em construir um bom legado para nós e os que vierem depois de nós.
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