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Valorizando seu passe

Caros leitores,

Indignações a parte quanto ao retorno de mercado à minha profissão, gostaria de compartilhar algumas críticas importantes que devem ser refletidas, debatidas e solucionadas sobre a atuação na área de Secretariado Executivo, a fim de que haja em breve uma alta valorização do nosso passe. Não obstante os primeiros traços da profissão terem tido origem na Antiguidade, o que parece é que nós, profissionais, ainda não saímos de lá. O que vejo estampado no rosto de colegas de trabalho, alguns gestores e, até mesmo, (lamentavelmente) de alguns profissionais da área é a certeza de que qualquer pessoa poderia estar ocupando aquele cargo ou aquela função. 

Que fique claro uma coisa: qualquer pessoa pode ser um secretário executivo desde que… estude secretariado executivo. Como qualquer pessoa pode ser um advogado desde que estude Direito e seja habilitado pela OAB. Como qualquer pessoa pode ser enfermeira desde que estude Enfermagem… e por aí vai. Semana passada vi em um blog um anúncio para secretária executiva e no texto, a descrição era para ocupar o cargo de chef de cozinha (??). Se o anúncio não foi escrito errado, a coisa está ainda pior do que parece. E de quem é a culpa? Dos profissionais, é claro.

Não é culpa da empresa que o contratou, não é culpa do colega que ainda tem visão equivocada e faz piadinhas sobre sua profissão, não é culpa da Universidade responsável pela sua formação. A culpa é sua, secretári@ executiv@! Quando você tem a oportunidade de corrigir um erro de processo e se omite, quando você se coloca em uma posição de ser não pensante, quando você não questiona, quando você covardemente negligencia as tarefas diárias, quando você vê que uma pessoa não preparada desempenha (mal) uma função que deveria ser sua.

Se somos, ainda, tratados como o bibelô do chefe ou o belo artigo decorativo que faltava para a secretaria da empresa é porque nos debruçamos confortavelmente sobre essa condição. O salário melhorou, os benefícios são bons, bem ou mal existe um status… E quem paga essa conta? Ninguém além de nós mesmos, pois quando você expressa quem você se formou para ser e quem você deseja ser, as pessoas passam a entender que a atuação não é tão simples quanto parece. Por que será que a empresa ou o departamento viram de ponta cabeça quando um secretário falta ao serviço? Se é tão simples, por que o chefe não dispõe de um estagiário ou de um outro profissional? Simplesmente porque como toda a profissão, devidamente regulamentada na legislação, existe um código de conduta, um código de ética e atribuições que não são relacionadas ao profissional do dia para a noite.

Secretári@s, por favor, sejam verdadeiramente protagonistas na profissão! Tenham atitude, expressão, voz e vez! Se não for com um diálogo pacífico, que seja com discussões ampliadas, convocando as áreas cabíveis para a discussão, mas que haja mudança de fato. A conformidade é a raiz de todos os males profissionais. Além disso, que sejamos exigentes ao nos reportarmos às entidades representativas da classe, pois sinceramente, enquanto os encontros, congressos e conferências da área continuarem sendo um spa de relaxamento e motivação para “esquecer” dos problemas, eu me recuso a investir e a participar.

Precisamos de debate de verdade, de temas relevantes, sem aquela velha discussão obsoleta sobre o papel do secretário nas organizações ou diferença entre secretário de consultório e secretário executivo. Isso ficou no milênio passado. Que tal falar de como podemos assessorar a empresa no ingresso ao mercado internacional, de como podemos (com habilidades em idiomas) auxiliar executivos a serem expatriados (cá entre nós, conheço secretários com habilidade em idiomas que muitos executivos não possuem). Vamos pensar melhor sobre isso? Que tal promovermos discussões sobre essa mudança VERDADEIRA de paradigma nas universidades, nas instituições onde o profissional de secretariado atua? O convite é meu, quem topa?

 

Marcela Brito sou eu: cidadã do mundo, secretária executiva trilíngue, esposa, mãe, consultora de carreira, empreendedora, escritora, blogueira, eterna aprendiz e uma mente que não para de pensar em construir um bom legado para nós e os que vierem depois de nós.

 

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Marcela Brito - 2009-2021