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Lições da Copa no Brasil

Olá, queridos leitores!

Bom, copa do mundo já rende boas histórias, atrai naturalmente a atenção de nós, brasileiros, que (embora uns mais e outros menos) nos rendemos a assistir ao espetáculo pelos estádios de futebol durante um mês.

Não é para menos. Sem dúvida é um dos eventos mais espetaculares da Terra.

Este ano a copa é no Brasil e, então, o povo se converte totalmente em paixão, gritos, amor e se veste de futebol do fio de cabelo ao dedão do pé. Desde que me entendo por gente, o futebol me acompanha. Meu pai é viciado em futebol (não há outra palavra), até mais do que deveria, porém o que ficou marcado foi o lado bom, como os jogos do nosso time, Vasco da Gama, que sempre assistíamos juntos, aos jornais diários que líamos juntos, incluindo a seção esportiva e, claro, às copas (embora meu pai, incoerentemente, era o menos apaixonado por copa na família).

A primeira copa que eu tenho gravada em minha memória é a de 1994. Um marco para nós brasileiros e, naquele momento, o Brasil clamava por heróis, referenciais e exemplos e o esporte nos trouxe gloriosamente, além do mito Ayrton Senna (que morrera pouco mais de um mês antes do início daquela copa), os ‘heróis’ do tetracampeonato conquistado na terra de Tio Sam. Era nossa alma lavada após vinte e quatro anos sem um título e sendo curada após a perda recente de Senna.

Passei pelo penta no ano em que nas memoráveis palavras de uma grande amiga nossa de família eu estava em vantagem em relação ao Brasil, com três pentas (completando quinze anos). Dois mil e dois, Brasil jogando a semifinal no dia 26 de junho e me presenteando (no exato dia do meu aniversário de 15 anos) com sua ida para a grande final, em que seria campeão. Ou seja, se eu perguntasse a dez pessoas qual suas relações com a Copa, certamente todas teriam uma bela história para contar.

Mas o melhor de tudo, especialmente na “Copa das Copas”, é o que diariamente ganhamos em termos de lições, informações e aprendizados. Desde os benefícios que este megaevento está trazendo ao país (e eu sei que muitos vão discordar, mas eu vejo e sinto que o saldo é positivo) até as desmitificações de cidades, povos e culturas. Vibrei sábado à noite assistindo ao jogaço entre Inglaterra e Itália. Arena da Amazônia, em Manaus, no Amazonas, no Norte. É, não há como não vibrar. Enfim, o sentimento é de que realmente a Copa das Copas está revelando o Brasil por inteiro, suas incontáveis riquezas, belezas, valores culturais e qualidades que perdemos de vista quando insistentemente continuamos a viver fechados no eixo Centro-Sul do país.

Estrangeiros extremamente felizes em desfrutar de tanta diversidade num país que tem praias paradisíacas e uma beleza natural indiscutivelmente deslumbrante além do Rio de Janeiro. Um país que redescobre os sons de pessoas que, com tanta variedade de ascendências, guarda vários países em um só. Um país hoje que se encontra livre para gritar inconformidade social, política e econômica em pleno megaevento e ao mesmo tempo se enche de alegria e satisfação por ser anfitrião da maior festa do futebol.

Eu creio que, após esta copa, tenhamos um olhar mais sensível, menos ignorante, menos preconceituoso e menos intolerante às diferenças que, por sua vez, são o que nos torna tão especiais, uma nação de verdade, um povo único e diferenciado no mundo todo. Eu creio que possamos viajar para outro estado sem fazer julgamentos prévios e, sim, com a ansiedade e a alegria de quem está descobrindo um mundo novo, porque simplesmente o é. Eu creio que as pessoas viajem mais de ônibus em curtas distâncias quando tiverem possibilidade, para conhecerem pessoas que vivem outras realidades, em outros “mundos”. Eu creio que depois disso tudo, seremos mais humanos, mais felizes, mais sábios e que, enfim, seremos verdadeiramente patriotas, independentemente de nosso Hino Nacional estar sendo tocado até a metade ou não.

 

Marcela Brito sou eu: cidadã do mundo, secretária executiva trilíngue, esposa, mãe, consultora de carreira, empreendedora, escritora, blogueira, eterna aprendiz e uma mente que não para de pensar em construir um bom legado para nós e os que vierem depois de nós.

 

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Marcela Brito - 2009-2021