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Psicopatia: uma reflexão real sobre o mal que habita entre nós

Amigos leitores,

Neste mês de abril, minha convidada especial para dividir uma importante reflexão com vocês é a toda competente Cora Lima, minha querida amiga e parceira que divide a direção do blog Secretarie-se com a outra querida Regina Rezende, do Business English. Cora é super profissional, pessoa que sintonizei à primeira vista e que escreve como ninguém. Ela tem um traço em seu estilo que não alcança a todos (e isso faz com que eu me identifique), ela fala a verdade como a vê, como a vive e ainda assim, consegue ser respeitosa.

É com muito prazer que apresento a vocês um texto honesto e consciente sobre os desafios velados que enfrentamos em nosso cotidiano, seja na vida, no trabalho ou como agentes sociais. O texto não tem a pretensão de imprimir rótulos tampouco de dizer algo sobre esse desajuste do comportamento humano, uma vez que o tema é extremamente delicado e exige olhar e posicionamento profissional especializado.

Aqui desejamos, somente, provocar uma reflexão, a fim de despertar em você, caro leitor, um olhar mais apurado, para que possa compreender, identificar, se defender e reagir a este tipo de pessoa. Boa leitura!

Parece um pouco arrogante falar sobre isso, mas é um assunto tão corriqueiro, porém mal abordado que, sem crédito, devotamos tão somente aos psicólogos, psiquiatras e alguns psicanalistas.

Se olharmos bem, e profundamente, vemos que este indivíduo está nos mais variados aspectos e ambientes de nossa vida. Sabe aquele olhar: “não é boa pessoa, mas um excelente profissional?”

Não existe!

Em uma das mais acaloradas discussões do STF, vi uma descrição tão arraigada e consistente sobre o tema que achei histórica, assim como quando Roberto Jefferson, descreveu José Dirceu, por volta dos anos 2004 ou 2006: “Vossa Excelência faz meus instintos mais primitivos saltarem’.

Março, 2018, dia 21, na sessão da respectiva corte, Ministro Luís Barroso sobre seu magistrado colega Gilmar Mendes, teceu um discurso, onde certo momento expôs: “Me deixa de fora desse teu mau sentimento. Você é uma pessoa horrível, uma mistura do mal com atraso e pitadas de psicopatia”.

Será que a sociedade está sitiada por estes suburbanos morais?

Trocando de lado, tirando a política da “rodada” e incluindo nossas organizações, vemos que, apesar de atuarmos com personagens corporativos em nossa rotina, percebemos que igualmente, muitos personagens de cunho maldoso nos cercam com suas ignições morais, sejam direta ou indiretamente. Ignições morais porque eles sempre desencadeiam assuntos ou conversas, balizados em temas que os remetem à beatificação: são éticos, corretos e moralmente relevantes à sociedade e, ainda neste sentido, trafegam na área da fantasia das pessoas, vendendo seu sucesso lastreado na maldade, seja esta invisível aos olhos dos mais frágeis.
Mas nem todos são frágeis e, ainda que frágeis, temos grandes possibilidades de ver os outros com os olhos que eles enxergam o mundo: com crueldade, com espírito de competitividade delinquente e com vontade de esmerar sua deficiência na inocente lacuna do outro. Eles entorpecem sua mente com aquilo que chamamos de doce faculdade de intervir. Te mostro meus dentes em forma de lábios de mel.(E aqui já fica a primeira dica sobre esta personalidade)

O psicopata não é linear, ele tem repentes, mas ele consegue dar voltas nele mesmo, e nos que a sua volta estão. Para lidar com esta incoerência comportamental, temos que nos cercar de autoconfiança, excesso de desconfiança e partir para esta identificação para as corporativas patias (Sim, inventei agora … Rs)

Não estou falando do “cara” que puxa seu tapete notoriamente, aquele que possui a fama de ser maldoso, de ser desonesto, mas sim, falo daquele que diferencia-se pela fada rosa que permeia seu sorriso forçado e que, subliminarmente, você não consegue entender a verdade dele. Aqui, fica nova dica: o maldoso real, você o identifica em duas ou três cenas, mas este que fere com sua patia, fica difícil validar todas as suas reais necessidades.

Quando eu pensava em psicopata, imediatamente me reportava à imagem daqueles famosos personagens serial killer que eram sombrios e matavam a sangue frio, mas seria fácil se fosse realmente assim, pois provavelmente teríamos condições de nos defender dessa figura.

A primeira vez diante de um psicopata você jamais esquece. Eu garanto: minha primeira chefa era psicopata. Era uma madame louca, mal amada, frustrada e ignorante, mas trazia em sua conduta de trabalho um requinte, um sorriso e um olhar. Três elementos que jamais esquecerei.

Tão doce quanto fria. E à época, dividindo-me entre literatura técnica e ficção estrangeira, a comparei a um dementador, aqueles seres que, para os bons leitores da série Harry Potter, sentem frio só de pensar. Dementadores eram seres que, com sua presença ou proximidade manifestavam o poder de extrair de qualquer ser vivo qualquer suspiro de vida ou energia.

Sim, essas pessoas roubam energia, mas escorregam em ações sutis e quase inocentemente inexplicáveis, até que você resolve observar a regularidade comportamental e bingo! Você desvenda o ser. Confesso que tenho tentado lidar melhor ao longo dos anos com esse perfil, mas não tem sido fácil. Eu ainda sinto frio na espinha ao acompanhar passos desse tipo de ser.

De acordo com Silva (2014, p. 39), “estão infiltrados em todos os meios sociais e profissionais, camuflados de executivos bem-sucedidos, líderes religiosos, trabalhadores, pais e mães ‘de família’, políticos etc”. Isso significa dizer que em algum momento da vida vamos topar com um tipo desses pelo caminho.

E saindo da linha de entendimento do ápice da manifestação comportamental do psicopata, materializada por meio de um crime hediondo, precisamos perceber que no ambiente social e corporativo, o psicopata, embora sedutor e incrivelmente atraente, não consegue ser capaz de produzir, em grande parte das situações, conteúdo autoral e, ao plagiar ou roubar conteúdo de outros, não faz referência.

Esse tipo de pessoa é capaz de conquistar uma legião de admiradores, com sorrisos, elegância, postura muitas vezes refinada, tipicamente burguesa, mas não expressa claramente suas intenções. Deixa no ar sempre um ponto de interrogação sobre sua real intencionalidade. Assim, a maioria acaba ignorando esta falha e sintoma em suas ações em virtude de sua sempre indiscutível capacidade de encantamento e relacionamento.

Neste artigo decidimos alertá-lo sobre este tipo de pessoa que, apesar de não claramente se apresentar perigoso, em algum momento vai demonstrar sinais de que tampouco importa se você está bem ou mal, no final o seu objetivo é sempre alcançar vantagens em benefício próprio. Por algum desajuste de caráter psicológico, ele não vai se sentir culpado nem hesitará em tomar determinadas atitudes que possam arbitrariamente prejudicar alguém que represente uma ameaça para ele. No mundo do trabalho, muitas são as circunstâncias que nos farão dar de cara com esse tipo de gente, mas o conhecimento traz benefícios e o maior deles é o fato de você saber como identificar, reagir e conviver com essa figura.

No mais, este texto pretende, apenas, oferecer uma degustação de um assunto sério, profundo e que exige condução de especialistas, médicos psiquiatras, psicólogos e, até, sociólogos, uma vez que em uma sociedade cada vez mais desajustada como a nossa (em escala mundial), podemos estar produzindo psicopatas também a partir de problemas não resolvidos em âmbito social e relacional.

Texto por Cora Lima e Marcela Brito

Cora Lima é assistente executiva, insatisfeita, eterna estudante, toma café sem açúcar…
Fã de secretariado e que acredita que a profissão não pode parar de crescer.

Referência

Silva, Ana Beatriz Barbosa. Mentes perigosas: o psicopata mora ao lado. 2. ed. São Paulo: Globo, 2014.

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Marcela Brito sou eu: muitas mulheres, muitas facetas, uma só identidade. Alguém com missão, paixão e coragem.

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Comentários (2)

  1. Excelente, Marcela!

    Lidar com psicopatas corporativos é delicado.
    Como secretárias, precisamos ter um discernimento bem aguçado visto que, por vezes, as pessoas se aproximam de nós, por saberem que temos informações estratégicas.

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Marcela Brito - 2009-2021