Quando o erro é meu
Amigos leitores,
Uma das maiores dificuldades que temos no ambiente organizacional é o desenvolvimento da chamada autorresponsabilidade. A capacidade de assumir as consequências de nossas decisões e atos exige um nível de maturidade enorme. Reconhecer que somos passíveis de cometer erros não é fácil e implica, para muitas pessoas,
em demonstração de fraqueza.
Atualmente, o nível de competitividade que atingimos em todos os meios sociais onde participamos chega a parcer surreal. Absorvemos uma cultura de constantemente provarmos a todos o quanto somos bons, capazes, maduros, melhores e maiores em praticamente tudo o que fazemos. Para quê? Para quem?
As doenças do século XXI, aquelas que tem matado milhares de pessoas ao redor do mundo, como depressão, crise de ansiedade, síndrome de burnout, entre outras, são geradas a partir de um nível de estresse que quando vamos avaliar, de longe, é totalmente desnecessário.
Parece que perdemos a habilidade de sermos tolerantes conosco, por isso andamos tão impacientes e intolerantes com o outro. O mais difícil é sempre o autoperdão. Enquanto não nos absolvemos do sentimento de culpa que carregamos por tantas futilidades, continuamos a viver numa corrida enlouquecedora, onde quem vai vencer é o que tem a casa na praia, o carro importado do ano, a roupa da moda, o celular de última geração e afins.
No fundo, esperamos pelo dia em que alguém vai chegar e nos dizer: “Ei, vá com calma, a vida não é isso!”. E, então, ficaremos aliviados. Perdemos a graça em fazer uma viagem para o interior porque todo mundo quando viaja agora vai para fora do Brasil. Passamos a ser estrangeiros em nossa terra e desconhecemos a rica cultura que a compõe. Esse lifestyle está acabando com a saúde de muita gente, já matou milhares de pessoas e vai enlouquecer mais outros milhões se não pararmos para entender do que tudo isso se trata.
Nossa dificuldade em nos adaptarmos a diferentes ambientes corporativos e de trabalharmos em equipe reside no fato de que temos um probleminhas com o erro. Nossa geração é tida como genial e parece que todos nós temos que inovar, criar algo único, que vai gerar milhões de dólares. Essa pressão, essa expectativa de todos em nós em nada tem a ver com a insegurança, o medo do fracasso e a falta de autoconhecimento que muitas vezes temos e nos impede de crescer.
O erro é algo importante e necessário. Atualmente, entre minhas atividades oriento jovens profissionais em um programa de mentoria que tem se revelado como uma ferramenta incrível no crescimento e no resgate da autoestima e da autoconfiança desses profissionais. A mentoria existe porque alguém com experiência em alguma área já errou o suficiente para poder ajudar outros a entenderem por onde não devem ir, caminhar ou tentar.
O erro é bom, a insistência em prosseguir no mesmo lugar onde já cometemos vários erros é que é nociva à nossa jornada de vida. Quando erramos, temos condições de compreendermos um cenário completo, por dentro e por fora, viver a experiência que poucos viveram, auxiliar outras pessoas e, claro, aprender de que forma não devemos fazer da próxima vez.
Permita-se errar e não tenha vergonha ou medo de assumir seu erro diante de outras pessoas, sejam elas familiares, gestores ou colegas de equipe. Em um mundo onde todos parecem sempre perfeitos e vencedores, assumir o erro e ter a capacidade de buscar esforços em corrigi-lo demonstra uma nobreza rara de se encontrar nos dias de hoje. O erro nos dá a chance de sermos autênticos e corajosos. Quem tem coragem de dizer que errou, tem coragem de voar em busca dos seus próprios sonhos.
Meu desejo é que você erre muito e que seu erro seja sempre a certeza de que podemos aprender e sermos melhores.
23/365
Marcela Brito sou eu: muitas mulheres, muitas facetas, uma só identidade. Alguém com missão, paixão e coragem.
www.facebook.com/SecretariadoIntercultural
br.linkedin.com/in/marcelabrito
www.twitter.com/marcelascbrito
Instagram: @marcelascbrito
Youtube: http://www.youtube.com/marcelasconceicao
Boa tarde Marcela,
A leitura diária no seu blog e outras formas que estou procurando em ter este hábito, está me ajudando, e muito, em escrever. Por exemplo, deixar aqui todo dia, se possível, um comentário e um DESAFIO ENORME para mim, pois tenho medo de escrever algo errado, falando gramaticalmente, e também de não usar palavras adequadas para me expressar.
Mas, mesmo que eu erre e gostaria que me corrigisse, estou superando este medo que não pode me paralisar, porque faz parte do meu ofício como uma grande futura profissional (Secretária Executiva) este hábito da leitura e escrita.
Obrigada mais um vez por me ajudar!
Ótima a sua visão, Marcela! Já passei por situações onde eu não aceitava o erro. Entendia que o erro me deixaria mais longe de ser um profissional bem sucedido. Depois de passar por uma das melhores formações da minha vida profissional (coaching), aprendi que os erros são essenciais no processo de desenvolvimento humano.
Abraços!