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“Eu não sou racista!”

Amigos leitores,

este ano vocês lerão muitos textos relacionados às Ciências Sociais e Antropologia. Na realidade, é impossível debater gestão, carreira e trabalho em equipe ou falar sobre alta performance sem debater alguns assuntos básicos que não estão bem alinhados em nossa sociedade e em nosso país. Em janeiro, li três livros. O primeiro (já postado aqui) foi sobre as características comuns a pessoas e profissionais de alta performance. O segundo foi uma obra que eu procurava há meses e que ninguém menos que o marido e melhor amigo para conseguir para mim. “A cabeça do brasileiro”, do cientista político Alberto Carlos Almeida, foi o livro escolhido para iniciar um ano caminhando rumo a alguns objetivos de carreira que tracei para este ano.

O livro traz, em primeira mão, resultados assustadores (sim, esta é a palavra) da Pesquisa Social Brasileira (PESB) comprovando alguns dos conceitos mais difundidos no Brasil por um de nossos maiores nomes na Antropologia: Roberto DaMatta. A pesquisa comprova que tudo o que tentamos afirmar quando bradamos contra atos de corrupção ou quando dizemos que não temos preconceito racial ou contra nordestinos ou contra homossexuais, é apenas uma tentativa de ser politicamente correto. Ela denuncia o pior que existe em nossa natureza: a herança opressiva, agressiva e aristocrática que a família real portuguesa deixou no Brasil.

Almeida conclui que no Brasil não há nada melhor do que ser homem, branco e nascido no Centro-sul do país. Dados assustadores, mas nem tanto. Eu iria postar este texto ontem e não consegui e, de ontem para hoje, tive acesso a várias comprovações da pesquisa dessa obra. Acabamos de sair do feriado de maior folia e expectativa de grande parcela dos brasileiros, o carnaval. Carnaval no Brasil tem cara, cor e termos. Apenas para dar dois exemplos, a cantora Ludmilla, que desfilou em uma escola de samba do Rio de Janeiro com cabelos “ao natural” teve seu cabelo classificado por um apresentador de TV como “de bombril”. Como se não bastasse o show de horrores do carnaval, a atriz Grazi Massafera foi escolhida por um jornalista como a “mulata” de 2016, numa coluna de um jornalista que é conhecido por ser especialista em… “mulatas”. Hã?! Isso mesmo! E como a emenda sempre sai pior que o soneto, Grazi declarou que tem uma mulata dentro de si e que toda a brasileira tem. E o que isso significa exatamente?

Aproveitando o momento de manifestações legítimas sobre atos de preconceito racial, a diva da pop music estadunidense, Beyoncé, “lacrou” no intervalo do Super Bowl, jogo do campeonato da Liga de Futebol Americano. Sua atuação foi em defesa dos direitos dos negros e sua posição na sociedade americana. Já dá pra imaginar o que isso gerou? Brasileiro adora e importa tudo o que vem dos EUA e, infelizmente, muitas vezes importa o que há de pior. Preconceito racial é um exemplo. A atuação da diva revoltou políticos e as elites americanas, que bradaram por boicote à cantora nas mídias sociais.

Em tempos de posicionamento, definitivamente não dá pra ficar calado e, se você perceber afastamento de pessoas, quando começar a se manifestar, não se preocupe. Isso é absolutamente natural. Pessoas que mexem em feridas sociais que tem sido maquiadas por anos, especialmente, no Brasil, serão rechaçadas e marginalizadas. Isso funcionou por anos, mas a minha esperança é que os que marginalizam comecem a se tornar minoria. Recomendo o livro, recomendo posicionamento e recomendo mais transparência. E assim foi a segunda leitura do mês de janeiro!

Marcela Brito sou eu: secretária executiva trilíngue, esposa, mãe, consultora de carreira, empreendedora, escritora, blogueira, professora, eterna aprendiz e uma mente que não para de pensar em construir um bom legado para nós e os que vierem depois de nós.

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