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Queridos leitores,

Aproveitando que hoje é um dia super especial (e no meu caso por dois motivos: aniversário de uma grande amiga, Erika Fraga e lançamento do meu primeiro livro), gostaria de falar sobre como a interculturalidade é uma ferramenta importante não somente para os negócios, como foca minha publicação, mas também para a vida e os relacionamentos que estabelecemos com as pessoas ao nosso redor.

O Brasil é um país essencialmente multicultural, ou seja, sua história passa pelas mãos povos de inúmeras origens, credos, costumes, hábitos. Vivemos em um verdadeiro caldeirão de cores, sabores e olhares. Isso é maravilhoso, especialmente porque nos tornamos melhores aprendendo aquilo que não faz parte da nossa cultura original. Infelizmente, o modo pelo qual o Brasil foi colonizado e os padrões e estereótipos que se formaram a partir da cultura que foi imposta ao país ao longo dos séculos causaram graves prejuízos sociais e culturais ao nosso país.

Eu nasci no interior do Rio de Janeiro e não tenho ascendência europeia nenhuma, pelo contrário, sou fruto dos povos mais marginalizados do país como negros e índios. Minha mãe é paraense e se mudou ainda jovem para minha cidade natal. Meu pai é fluminense, porém negro, portanto eu já presenciei algumas experiências na infância em relação aos dois (pai e mãe) de preconceito por algum traço de um dos dois.

Isso me fez passar boa parte da minha adolescência tentando entender os motivos pelos quais as pessoas agiam dessa forma. Enfim, aos 16 anos aceitei um convite dos avós maternos e me mudei para Belém do Pará. “Sair do Sudeste para ir para o Norte? Você está fazendo o caminho inverso do sucesso”. Essa foi uma frase que ouvi de uma professora minha de Geografia, a quem eu admirava profundamente. Pois é, eu acho que nasci para cutucar as feridas…

Mudei-me para o Norte. Quente, úmido, pessoas diferentes, comportamentos diferentes. Eu era uma típica nativa do Sudeste indo morar na Amazônia, com a exceção de nunca ter cometido a insanidade de achar que eu ia me deparar com índios no meio da rua. Eu sou do Sudeste, mas sempre gostei de estudar. Isso evita alguns problemas no trato intercultural também.

Passei um ano vendo tudo com olhos de alguém que resiste a mudança, resiste o mergulho na cultura alheia e quer se afirmar de qualquer jeito. Passou, tudo passa. Quando ingressei na universidade, no segundo ano morando no Norte, eu passei a me abrir para as possibilidades. Alguns colegas de turma brincavam comigo, porque desde que ingressei na universidade eu fui convidada para todas as festas de formatura dos alunos dos anos anteriores. Isso se chama relacionamento. E eu só aprendi isso quando tirei a trava do preconceito e da relutância dos meus olhos. Belém hoje é, para mim, referência de gastronomia, natureza, modernidade (sim, vocês precisam conhecer!), amizades fieis, trabalho em equipe e natureza.

O meu livro tenta mostrar um caminho profissional para o secretário executivo de forma técnica, orientando para a especialização, dedicação a estudar culturas específicas e atender públicos específicos também. Mas, acima de tudo, queria registrar que este livro nasceu de uma experiência viva e latente e ele só foi possível porque eu tomei uma decisão. Não aquela de quando eu estava no conforto da casa dos meus pais e, sim, aquela de quando eu ingressei na Universidade e incorporei a cultura local, os hábitos, as gírias, o sotaque (basta um dia em Belém para ele incorporar de novo) e até um pouco de bairrismo.

E depois disso, nunca mais fui a mesma. Graças a Deus! Escrevi aquilo no que acredito, que tento vivenciar e mostrar para quem tem o mesmo desejo de viver o novo, de se despir de julgamentos prévios e de viver e forma plena, saudável e ser bem-sucedido! Esse é o toque intercultural que todos nós precisamos para viver nesse mundo tão junto e misturado. Esse é o convite que eu faço a vocês no livro.

Estou feliz, pois este é um pequeno passo para um salto importante que nós, não só os profissionais de Secretariado Executivo, mas todos os demais, precisamos dar a partir de agora. Quem topa?

Marcela Brito sou eu: cidadã do mundo, secretária executiva trilíngue, esposa, mãe, consultora de carreira, empreendedora, escritora, blogueira, eterna aprendiz e uma mente que não para de pensar em construir um bom legado para nós e os que vierem depois de nós.

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