Na falta de coleguismo…
Se existe um desajuste social sério é a falta de solidariedade. Esta palavra se tornou quase um sinônimo de filantropia e certamente não é sobre isso que eu quero falar. Tenho uma carreira iniciante que soma pouco mais de sete anos de atividade profissional. E de tudo o que já observei desde que ingressei no mercado de trabalho, o que mais me deixa contrariada é a já mencionada falta de solidariedade (ou ‘coleguismo’, se preferir) no ambiente de trabalho.
As profissões relacionadas à área de negócios são aquelas onde é mais fácil notar situações como sabotagem, tentativas de prejudicar o outro e as famosas “puxadas de tapete”. Essas passam a ser cenas repetidas e acabam, equivocadamente, se incorporando à realidade e ao cotidiano corporativo.
Boa parte dos profissionais têm vivido o lema “salve-se quem puder” constantemente e deixando restrito ao campo verbal o discurso de espírito de equipe. Ninguém quer se “queimar” diante do chefe, ainda que sua intervenção possa esclarecer uma situação tensa onde alguém pode sair prejudicado. Hoje em dia é mais fácil e conveniente colocar a conta dos problemas nas costas do colega que, no caso, pode ser o mais novo na equipe, ou o mais velho (isso algumas vezes conta como defeito), ou, até, o mais preparado (isso é ameaçador para quem não tem competência).
Se você é o tipo do profissional que estuda para praticar sua intelectualidade, identifique antes um local de trabalho onde você realmente seja visto e tratado como um profissional pensante, criativo e produtivo e não somente como força de tração e parte de um processo de execução de atividades, onde competências como análise e planejamento são totalmente desconsideradas.
Há empresas de valor que, de fato, cultivam os valores que pregam e é exatamente nesse tipo de instituição que profissionais com proatividade, capacidade de raciocínio e criatividade encontram espaço para se desenvolver e crescer.
Do contrário, você passará alguns ou, quiçá, todos os preciosos e inestimáveis anos de sua vida se frustrando por começar a acreditar que o errado é sempre você. Pense bem, pois existe um momento na vida profissional em que você realmente está errado: é aquele quando você sabe exatamente o que deve fazer, mas é (mal) orientado a não fazer, uma vez que há um sistema inteiro sustentando os problemas relacionados ao fluxo de trabalho e pagando caro pela ignorância (ou ganância?) de alguns que querem sempre se dar bem às custas do mal que sempre sobra para o restante que, quase sempre, é a maioria.
Marcela Brito sou eu: cidadã do mundo, secretária executiva trilíngue, esposa, mãe, consultora de carreira, empreendedora, escritora, blogueira, eterna aprendiz e uma mente que não para de pensar em construir um bom legado para nós e os que vierem depois de nós.