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Delegar faz bem

Queridos leitores,

estamos na era da multifuncionalidade, onde todos temos múltiplas habilidades e trabalho não falta durante todo o dia. Mas será que tudo o que fazemos realmente precisa ser feito somente por nós ou podemos dividir o peso? A verdade é que sempre há tanta coisa para fazer que nem tempo queremos “perder” pensando com calma e tentar repassar o trabalho a outra pessoa. Ou, o mais provável, a responsabilidade que carregamos é sempre tão maior do que deveria ser que preferimos fazer a deixar outra pessoa tomar conta. É a velha máxima que nossos pais e avós já diziam: “Se quer que algo saia bem feito, faça você mesmo”.

Sabemos, contudo, que o mundo já não é mais o mesmo, as relações já não são mais as mesmas e as atitudes, por conseguinte, também não precisam ser. Então, por que será que simplesmente não conseguimos relaxar e dividir mais a carga? Há alguns exemplos clássicos no que diz respeito a esse assunto, que valem ser ressaltados. Eu exponho aqui três situações reais e fictícias que retratam consequências negativas que essa síndrome de “super homem” tem trazido à vida cotidiana e que estão diretamente relacionadas a prejuízos na vida pessoal:

1. Supernanny – Ontem ao chegar em casa, após mais um dia de trabalho, liguei a televisão e parei em um canal da TV fechada, onde é exibida a versão norte-americana do programa Supernanny. Comecei a assistir no exato momento em que a “psicóloga-babá” orientava o pai a como agir com as quatro filhas meninas. Os problemas de autoridade que ele sofria em casa diante das filhas era só uma triste consequência da falta de tempo e da excessiva carga de trabalho. Naquele momento parei um minuto e vi a que ponto chegamos. Necessidade de um especialista em relacionamentos entrar na casa de uma família para ensinar um pai a ser… pai. Será que a carga de trabalho é tão grande que não pode ser delegada ou dividida?

2. Sorte no jogo… – Outro exemplo interessante é uma cena do filme O Diabo Veste Prada, onde a protagonista Andrea (Anne Hathaway) comenta com o Nigel (Stanley Tucci) que está com problemas na vida pessoal e ele responde a ela que este é um dos sintomas quando a vida profissional começa a ascender. Será que essa contrapartida é mesmo obrigatória ou é apenas mais um fruto da má gestão do próprio trabalho? Fica, então, uma válida reflexão. Trabalho é um benefício precioso, pois é dele que dependemos para viver bem (viver bem!). Quando o trabalho passa a ser mais importante do que família e seu próprio bem-estar, é sinal de que o prazo de validade está vencendo. Vale avaliar!

3. Click – O terceiro exemplo eu acredito que seja o mais hilário e também o mais impactante. O filme Click, com Adam Sandler, mostra o dia-a-dia de um workaholic* que se vê perdendo prestígio, família e saúde. É quando acorda em uma loja de departamentos e percebe que está fazendo tudo errado. O filme mostra que todas as decisões levam a uma causa, nem sempre boa para os que também dependem de você. Uma lição de vida e tanto!

Algo que é importante levarmos todos os dias para o trabalho é que nós sempre temos escolhas. Não vale mais dizer “eu não tive escolha”. Nós sempre temos. Mas antes de dizer sim ou não às propostas profissionais, a primeira coisa que devemos pensar é no tamanho do impacto futuro que essa decisão vai gerar para você e para a sua família. Não é fácil, mas pensar duas, três ou quatro vezes antes de dar uma resposta pode ser bem melhor do que sofrer meses, anos ou décadas em função dela.

* Expressão inglesa que em português pode ser traduzido como “viciado em trabalho”.

Por Marcela Conceição

Comentários (2)

  1. Show, Marcela. Lí uma frase, da qual não me lembro o autor, que diz o seguinte: “Se quer que algo saia bem feito, faça você mesmo.Se quer que saia melhor, aprenda a delegar”.
    Abraços.

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Marcela Brito - 2009-2021