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Reencontrando sua identidade

Olá, queridos leitores!

Você já se sentiu estranho em sua própria cidade depois de passar meses ou anos morando fora? Se sua resposta é sim, provavelmente você vai se sentir menos estranho depois de ler este artigo. O mundo e o mercado têm proporcionado oportunidades de trabalho e desenvolvimento pessoal e profissional que, na maioria das vezes está fora do nosso habitat. Quem já morou em outra cidade ou país, sabe bem o que isso significa.

Vou exemplificar com minha simples experiência intracultural*: sou fluminense, nascida em Resende-RJ, cidade de pouco mais de 119 mil habitantes, situada entre as metrópoles Rio de Janeiro e São Paulo e, aos 16 anos, embarquei para a maior e melhor experiência que já tive na vida: me mudei para Belém do Pará. Morei 7 anos e exatos 8 meses com meus avós maternos, quando por oportunidade de um novo emprego via concurso público retornei para meu estado de origem.

Antes de assumir o emprego na capital fluminense, passei 13 dias na minha cidade e, pasmem, me deparei em situações que eu não sabia se pertenciam mais a mim. Menos de dez anos morando no mesmo país, mas em uma região cultural, economica e socialmente diferente foi uma experiência onde eu imergi na cultura local, com mudança de sotaque, identificação com a culinária e hábitos que eu nunca tive. Hoje, após quase dois meses de efetivo trabalho no novo emprego começo a assimilar novamente posturas, olhares, comportamentos e respostas diferentes das que eu tinha no norte do Brasil.

Isso para mim é o reencontro com sua própria identidade (que no meu caso) está se tornando cada vez mais multicultural. Talvez o interesse pelo estudo de culturas aplicadas a negócios dentro e fora do país tenha sido despertado exatamente pela experiência fora do ninho. Eu reconheço que sou uma pessoa muito diferente (e conscientemente) muito melhor do que eu era antes. Fiz grandes amigos, grandes parceiros profissionais e agreguei aprendizados que jamais eu teria se nunca tivesse saído de Resende. E embora eu nunca tenha saído do Brasil, eu imagino que o choque e a adaptação em um país estrangeiro tenha impactos muito maiores e mais efetivos na vida de quem decide aceitar desafios no exterior.

Portanto, de tudo o que é vivido nessas idas e vindas, que o mundo do presente e de um futuro que se aproxima cada vez mais de nós, o maior presente é o que você carrega de bom e o que você aprende na convivência diária com novas visões, novos hábitos, novas formas de negociar. O aprendizado com relação à tolerância ao outro, o reconhecimento para si mesmo dos preconceitos que você carrega e que precisam ser expostos para serem entendidos e dissipados e a chance enorme que você passa a ter nas mãos de ter uma identidade que pode ser aceita e repleta de maravilhosas experiências em qualquer lugar do mundo.

Hoje eu ainda sou intracultural, mas estou contando os dias para viver dias interculturais** ao lado de quem também está aprendendo a ter os mesmos desejos de reencontrar identidades que agreguem à já existente.

Bom dia!

Por Marcela Conceição

*intracultural: o que diz respeito às interações culturais geradas entre províncias ou estados diferentes de uma mesma nação.

**intercultrais: o que diz respeito às interações culturais geradas entre nações ou continentes diferentes.

 

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